Temos alguns bons motivos para eleger Puerto Madryn como um dos locais que mais tivemos “sorte”. Sorte por sermos bem recebidos. Sorte por termos encontrado em nossos caminhos anjos em forma de pessoas. Sorte por termos feito passeios incríveis. E sorte por conhecer esse local excepcional.
Sem sombra de dúvidas, Puerto Madryn e todo o seu arredor estarão em nosso top 10 da América do Sul. Outros lugares terão que se esforçar bastante para conseguir superar.
Teve baleias, pinguins, elefantes marinhos, pinguins de novo, lobos marinhos, guanacos e paisagens incríveis. Depois de tudo isso que admiramos, seria um egoísmo não compartilhar com vocês o que fazer em Puerto Madryn.
Como são muitas coisas para ver e falar, hoje daremos uma atenção especial à Península Valdes e Punta Tombo, nossas novas paixões e os dois principais passeios que partem da cidade.
O que fazer em Puerto Madryn: tour a Península Valdés
Como 99% das pessoas, fizemos de Puerto Madryn base para visitar, além da cidade em si, outras atrações próximas da Província de Chubut.
A nossa primeira experiência, e que ficará marcada para sempre, foi o Tour Península Valdes. Esse é um passeio de um dia inteiro, mas um daqueles que você volta com mais energia do que quando saiu. A excursão começa às 7h30, com uma van indo buscar os passageiros em suas hospedagens, e termina já no cair da noite.
Como chegar a Puerto Pirámides
Seguindo pela Ruta 2, você chegará na Área Natural Protegida Península Valdes. Declarada em 1999 como Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO — prêmio máximo que um local com essas características pode atingir — tem um custo de 330 pesos por pessoa para adentrar a área protegida. Esse valor é independente se você for por conta própria ou excursão.
Um pouco mais adiante, ainda na Ruta 2, chegamos ao Istmo Carlos Ameghino — istmo é um pedacinho de terra que liga dois pedaços de terra maiores. Nesse caso é a união do continente com a Península Valdés.
Aqui é feito uma parada obrigatória no Centro de Interpretação. Local esse onde é fornecido todas as informações sobre os atrativos naturais e culturais da área. Se estiver por conta própria, é possível andar cerca de 5km até la Isla de los Pájaros. Um lugar de grande importância para a reprodução de várias espécies de aves.
Após mais uns 25km chegamos de fato ao Puerto Pirámides — é aqui que o coração começa a bater mais forte, por já imaginar o que nos espera. Ponto de partida para a avistaje de ballenas.
Avistaje de ballenas em Puerto Pirámedes
Não importa o quanto de baleias você já tenha visto em fotos ou até mesmo dos binóculos desde a orla da praia. Nada — eu disse nada — se compara com a sensação de ver aquele bichão de uma distância tão próxima.
E quando eu falo próxima, não estou querendo exagerar. É porque é próxima de verdade, em alguns casos elas passam por baixo do barco. Oi? Isso mesmo!
Essa parte do passeio, desde o momento que sai a embarcação até o seu horário de retorno, tem uma duração de aproximadamente duas horas. Uma dica aqui para aqueles que ficam mareados com facilidade é tomar aquele remedinho esperto. Não se preocupe, é muito mais normal do que você pensa. É tão normal, que eles já disponibilizam o saquinho para você. Além de sempre manter o cuidado de reparar nos passageiros, porque muitos ficam com vergonha de falar. O Yuri mesmo ficou todo zonzo e botou os bofe para fora.
Os guias orientam o passageiros a imaginar o barco como um relógio. Com essa informação, eles falam para olhar o setor das três; ou das nove. Isso vai te norteando para onde é necessário prestar atenção, que é onde as baleias estão.
Logo que chegamos, uma mamãe já começou a nos presentear com belos saltos, mas pegou a todos desprevenidos. Quase não conseguimos tirar a foto. Depois apareceram outras baleias e seus filhotes. Coisa linda de se ver. Até que em um dado momento a baleia começou a se aproximar, se aproximar. Fiquei tão surpresa quando vi, que nem consegui tirar fotos direito. Nesse momento, você precisa de alguém com estabilidade psicológica para as fotos, eu não tive.
Qual a melhor época para ver as baleias na Península Valdés
As baleias fazem dois tipos de migração ao ano: para se alimentar — em áreas ricas em zooplancton; e para se reproduzir — em águas um pouco mais quentes, calmas e costeiras, para fugir das condições meteorológicas apresentadas no mar aberto.
Esses gigantescos mamíferos começam a chegar na região da Península a partir de junho e tendem a ficar até dezembro. No entanto, se quiser um passeio mais completo, aconselho a fazê-lo entre os meses de setembro e novembro. Digo isso porque é o momento de maior atividade das baleias e durante esse período também é possível avistar as orcas, um pouco mais acima, na Punta Norte da Península.
Próxima parada: Caleta Valdés
Obviamente que avistar as baleias é um dos pontos altos desse passeio, mas engana-se quem pensa que só se resume a isso. Após terminado o avistamento de baleias, a Flamenco Tour dá continuidade ao passeio indo à Caleta Valdés.
Atravessamos a Península e toda a vegetação típica da estepa patagônica numa espécie de safari, avistando diversos animais que habitam a região (como guanacos, lebres patagônicas, raposas e outros), com paradas estratégicas para tirar fotos.
Até que, enfim, chegamos à Caleta, que conta com uma pequena pinguinera, com um visual incrível, que por si já só seria uma atração. No entanto, ainda somos brindados com os mais simpáticos pinguins, desfilando suas belezas e sons. São cerca de 200 pinguins, entre machos, fêmeas e filhotes.
A Caleta Valdés é um acidente geográfico. Um lago no litoral formado por uma extensa e fina faixa de areia que se estende de norte a sul. Essas características ambientais são propícias para o desenvolvimento de mamíferos marinhos e outros animais.
Tá vendo aqui a diferença que um passeio guiado faz? Obrigada a guia Valéria que nos transmitiu todo esse ensinamento sem sequer precisarmos buscar no Google rs.
Última parada: Punta Delgada
Nesse momento você deve estar imaginando que essa parada é a menos importante, certo? Errado! A ordem é mais por conta de logística, maré e vento. Em Punta Delgada há uma das maiores concentrações de elefantes marinhos.
Aqui vocês poderão observar os machos brigando e procurando fêmeas para copular, enquanto outros relaxam à luz do sol. Mas nós fomos no iniciozinho de novembro, que ainda é período de amamentação. Então nesse período não adianta correr atrás, porque as mamães não querem pensar naquilo. Até avistamos um macho tentando alguma coisa, mas logo sendo rechaçado pela fêmea, que ainda estava acompanhada de seu filhote.
São três meses de amamentação nos quais as mães praticamente não comem. Suas presas vivem em águas profundas longe dali e elas se dedicam apenas aos filhotes e, posteriormente, à reprodução.
Na verdade, eles parecem grandes pedaços de carne (e gordura) estirados na areia — à milanesa rs. Fazem um esforço para se mover meio metro e descansam por vários minutos. E assim vão levando horas para percorrer de um lugar a outro na areia.
Ah, o acesso a Punta Delgada se faz a partir da entrada de uma propriedade privada. Isso quer dizer que para entrar, eles cobram cerca de 180 pesos. Você pode se isentar desse valor caso consuma o almoço em seu restaurante.
O almoço não vai sair barato, mas a comida é boa e já que é para gastar dinheiro, que seja comendo, não é mesmo?
O que fazer em Puerto Madryn: Punta Tombo e sua extensa Pinguinera
O nosso segundo dia de passeio englobou aspectos naturais, históricos e culturais. Às 7h45 da manhã a equipe da Flamenco Tour já batia em nossos portões para nos levar a mais um dia incrível de passeio — e, para nossa alegria, era a mesma guia: Valéria.
Fizemos o trajeto partindo Puerto Madryn em direção a Trelew, depois fomos a Punta Tombo e retornamos para Gaiman. Nós, que já tínhamos ficado maravilhados com os poucos pinguins da Caleta Valdés, não podíamos esperar para conhecer a famosa Punta Tombo.
Museu Paleontológico em Trelew
Seguindo pela Ruta 3, a partir de Puerto Madryn, fizemos a nossa primeira parada na cidade de Trelew. O intuito dessa parada é conhecer o famoso museu da cidade. No entanto, essa visita é opcional. Se não quiser desembolsar 120 pesos por pessoa, valor da entrada, é possível fazer um tour pela cidade durante a hora que você tem livre.
Agora, conselho de amiga: vale muito a pena conhecer o MEF. Ele é nada mais nada menos que o museu Paleontológico mais importante da América do Sul. Nele são exibidos várias réplicas de fósseis da fauna e flora da Patagonia de milhares e milhões de anos atrás. É uma verdadeira viagem ao passado da terra e do mar da região.
A visita ao museu é um pouco diferente do que estamos acostumados, ele segue uma linha temporal em direção ao passado, desde os primeiros humanos que habitaram a Patagônia Argentina até o início da vida dos microrganismos primitivos.
Uma grande atração do museu é uma réplica do esqueleto em tamanho real de um tyrannotitan, um monstro carnívoro que nos lembrou o tiranossauro rex. Mas creio que a maior delas seja o fêmur do maior dinossauro já descoberto, encontrado numa fazenda por um trabalhador que quase tropeçou nele. Estima-se que o dino chegou a pesar 77 toneladas e estar do lado dele nos dá uma ideia aproximada do tamanho que essa criatura teve.
Se quiser saber mais informações sobre o museu, é só acessar o site deles aqui. Eles possuem o serviço de guia, em diferentes línguas, para facilitar a compreensão das exibições.
Chegamos a Punta Tombo
E a nossa segunda parada já foi na incrível reserva de Punta Tombo. Uma pequena observação aqui: para fazer esses passeios é preciso ter paciência. É tudo bem distante um do outro.
Uma extensa reserva faunística, muito convidativa, que te permite caminhar por entre milhares — sem exageros — de pinguizinhos lindos. Confesso que bate uma vontade grande de sair pegando no colo, mas sempre somos lembrados que somos “visita” e não devemos tocar ou alimentá-los.
Aproveite! Você estará sendo brindado com um momento de intenso contato com a natureza. Praticamente fazendo parte do seu habitat. Aposto que será seduzido pelo seu andar cômico, pelo seu som que lembra um burro e pelos milhares de ninhos cheios de ovos e pinguins escondidos.
A imersão é tão grande, que na reserva há placas de “dê a preferência” ou “dê passagem”, porque eles realmente vão passando entre a gente. Coisa mais rica do mundo. Uma experiência única.
Quando visitar Punta Tombo
Se você está planejando a sua viagem para o período de inverno argentino, sinto dizer que vai ter que adiar o sonho de viver entre os pinguins. Isso porque eles chegam a partir do mês de setembro e permanecem até março mais ou menos.
Seus ovos começam a ser chocados em outubro por até 45 dias, ou seja, em novembro boa parte deles ainda estarão dentro de seus ninhos com os ovos. Se você quer mesmo é ver a estrada “infestada” de pinguim, a melhor época para visitar Punta Tombo é a partir de dezembro.
Para tentar alinhar os dois passeios, recomendo o fim de outubro/início de novembro. Apesar de ter muitos pinguins ainda entocados em seus ninhos, você vai conseguir se deparar com alguns deles pelo caminho. Já as baleias, se você deixar para ir a partir de dezembro, vai ficando mais difícil, porque elas já começam a partir para outras águas. Mas aqui também vai da sua preferência, é claro.
Última parada: Gaiman
Depois de 3 km de caminhada no sendero de Punta Tombo, é hora de dar uma desacelerada. Gaiman foi o primeiro município de Chubut. E percorrer suas ruas é voltar ao passado. Todo o legado cultural permanece em cada esquina.
A pequena vila de Gaiman foi influenciada pela colonização galesa e por isso aqui você é convidado a tomar o autêntico e famoso chá galês.
Após o chá, é feito um pequeno, mas completo, tour pela vila. Passamos pela primeira casa construída no município, a primeira escola. Tudo muito simples, mas de arquitetura encantadora.
Vale lembrar que empresa oferece um passeio alternativo a Gaiman, que seria uma ida a Rawson para fazer avistaje de toninas — ou observação de golfinhos-de-commerson —, mas tivemos o azar de o dia não estar com as condições de clima ideal para isso.
Quanto custam os passeios para Península Valdés e Punta Tombo
Agora é que são elas. O turismo em Puerto Madryn tem crescido aceleradamente e em companhia tem a inflação na Argentina. Por isso, o preço dos passeios e de todas as coisas estão aumentando. Ainda sim, é uma experiência inigualável que vale o preço pago.
Informações sobre o passeio à Península Valdés
- Duração: dia todo;
- Dificuldade: média (eleva um pouco por conta do balanço do mar pra quem fica mareado com facilidade);
- Preço da excursão: 1200 pesos;
- Preço para avistamento de baleias: 1150 pesos;
- Entrada no Área Natural Protegida da Península Valdés: 330 pesos;
- Entrada Punta Delgada (área privada): 180 pesos — ou consumir o almoço;
- Total: 2860 pesos, o que daria uns 635 reais segundo a cotação de hoje no Google
Informações sobre o passeio a Punta Tombo:
- Duração: dia todo;
- Dificuldade: baixa;
- Preço da excursão: 1200 pesos;
- Entrada no museu Paleontológico: 120 pesos (opcional);
- Entrada na Reserva Natural de Punta Tombo: 250 pesos;
- Preço para avistamento de golfinhos-de-commerson (caso o passeio vá para Rawson, em vez de Gaiman): 850 pesos
- Total: 2420 pesos (537 reais) indo para Rawson observar golfinhos ou 1570 (349 reais) indo para Gaiman.
De fato, não são passeios baratos, mas se você tem condições — mesmo que seja apertando um pouco — de fazer o passeio, a gente super recomenda. Foram momentos incríveis e inesquecíveis que passamos por esses dias. E desejamos um dia poder voltar e conseguir ver ainda mais baleias, pinguins, leões/lobos/elefantes marinhos e toda aquelas paisagens que nos tiraram o fôlego.
Queremos deixar aqui também o nosso super agradecimento à toda equipe da Flamenco Tour, principalmente ao Matias, que sempre esteve disposto a nos ajudar. Vocês foram incríveis e conseguiram fazer com que a nossa experiência beirasse o inacreditável.
Flamenco Tour
Endereço: Belgrano 25 – Puerto Madryn
Telefone: (0054) 0280 445-5505
Email: info@flamencotour.com
Horário de Funcionamento: 9h às 13h ou 16h30 às 20h30
O Para Onde Fomos fez os passeios em parceria com a Flamenco Tour. No entanto, tal condição não interfere no relato das nossas experiências. Só divulgamos o que testamos e de fato gostamos. Muito obrigada por essa linda oportunidade.