Segundo uma das mais famosas frases de Amyr Klink “um dia é preciso parar de sonhar e de algum modo partir”. Mas, pelo menos no nosso caso, um dia é preciso voltar também.
Depois de quase 2 anos vivendo e viajando pelos mais diversos cantos da América do Sul, começamos a sentir falta de casa. Falta da convivência com os amigos, de uma rotina e do feijão da mãe.
Eu entendo que a vida seja feita de vários ciclos e todo final é também um começo. Por isso, decidimos encerrar essa fase da nossa viagem. Assim como as séries do Netflix, o viver também exige ser separado em temporadas, ainda que indiretamente.
Passamos por um turbilhão de coisas durante todo esse tempo. Tivemos inúmeras ideias, nos tornamos empreendedores. Inovamos a forma como é controlado o turismo no Atacama. E tudo isso precisa de um certo tempo para ser assimilado.
E a ideia de viajar pelo mundo?
Engana-se quem pensa que o nosso sonho de conhecer o mundo ficou para trás. Pelo contrário, ele está mais vivo do que nunca. No entanto, estar perto de quem amamos é como se fosse o nosso combustível.
Além disso, já percebemos que o nosso estilo de viagem é intermitente. Prova disso é que vez ou outra resolvemos parar em alguma cidade, tomar um pouco de fôlego e depois seguir.
Só que dessa vez decidimos fazer isso de perto de quem amamos e durante um período um pouco mais longo. Quando vamos cair na estrada de novo? Não sabemos. Nossa vida não é muito modelo de planejamento.
A nossa ideia nunca foi conhecer X países em não sei quanto tempo. Muito menos tínhamos uma meta para terminar a viagem. Simplesmente tínhamos a consciência de que iríamos até onde o nosso corpo aguentasse.
Quais são os planos para o futuro?
Apesar de termos decido ir para o Rio de Janeiro para descansar e matar a saudade, viajar é a nossa paixão. Por isso, vamos unir o útil ao agradável e aproveitaremos a nossa Temporada Rio de Janeiro para explorar ao máximo a nossa cidade que, apesar de todos os defeitos e inseguranças, é inegavelmente maravilhosa.
Boa parte do nosso público aqui do blog não é do Rio de Janeiro, por isso, nos sentimos no dever de levar toda essa riqueza cultural e natural para vocês. No entanto, é preciso admitir que boa parte dos cariocas também não conhecem o nosso Estado em sua totalidade. Por isso, vamos usar esse período especialmente para essa questão.
Além disso, temos como ideia começar um recorrido pelo Brasil. É impressionante o quanto conhecemos pouco do nosso país. Por vezes me senti envergonhada ao encontrar um viajante estrangeiro e ele me contar que conhece várias partes do Brasil, alguma que eu nunca nem tinha escutado falar. E quando estivermos lá em cima, no norte, atravessaremos para a Bolívia para seguir viajando pela América do Sul.
Se isso vai se concretizar não sabemos, porque o nosso corpo e mente está em constante mutação e, pode ser, que a Juliana de daqui alguns meses queira algo totalmente diferente.
E acredito ser esse uma dos melhores prazeres da vida, essa liberdade que temos para ser o que quisermos, ainda que seja mais fácil para uns do que para outros.
O que deu de errado?
Muitas pessoas não estarão convencidas desse texto e vão cultivar em si a ideia de que algo deu errado. E que esse seria o nosso principal motivo para voltar.
Antes de tentar explicar qualquer coisa, quero deixar um trecho de um texto do Henfil que vem regendo a nossa viagem durante todo esse tempo.
Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; Se não houver flores, valeu a sombra das folhas; Se não houver folhas, valeu a intenção da semente.
Pode ser que no momento em que as coisas estejam acontecendo você não consiga entender e muito menos aceitar. No entanto, é preciso ter em mente que cada acontecimento, seja ele bom ou ruim, serve para moldar o que você vai se tornar no futuro. E isso, certamente, vai contribuir para que você conquiste alguma coisa.
Não posso dizer que durante todo esse tempo a gente viveu apenas de acertos. Mas as adversidades da vida, na gente, tem o poder de nos deixar criativo. Criativo para tentar contornar aquela situação.
E entre erros e acertos me sinto na liberdade de dizer que muitas coisas deram errado sim, mas que não são capazes de nos fazer desistir. Por isso, estamos voltando, em suma, pelos motivos que listei acima. Com a bagagem lotada de conhecimento e muitas ideias. Afinal, o maior propósito da nossa viagem tem se cumprido: que é criar um novo modelo de vida onde seja possível viajar e trabalhar ao mesmo tempo.
Esse texto todo só para falar: mãe, to voltandoooo!! Prepara minha farofa e o meu estrogonofe.