Longe de casa a mais de 12 meses, milhas e milhas distante de quem amamos. Sim, estamos há muito tempo e muito distante dos nossos amigos e familiares, mas depois desse nosso primeiro ano na estrada, percebemos que cada minuto de saudade foi recompensado com momentos incríveis.
Apesar da vontade de voltar correndo e abraçar cada um deles, hoje posso dizer que valeu a pena cada segundo longe. É uma gratidão que não cabe dentro de mim. Estou encantada até o mais íntimo do meu ser por tudo que vivemos durante essa trajetória.
Como temos diversas limitações para poder retribuir tudo o que vocês representaram nesse período, decidimos compilar nesse post os momentos e conquistas mais marcantes que tivemos . Assim, podemos trazer vocês para viajarem um pouquinho com a gente.
1- Nadamos com lobos marinhos
Estreando a nossa retrospectiva, uma das experiências mais marcantes no que diz respeito a fauna. Durante a nossa passagem por Puerto Madryn — também conhecida como Patagônia dos bichos — tivemos o privilégio de estreitar o nosso contato com lindos animaizinhos.
Além de avistar baleias, leões marinhos e pinguins, nadamos com os lobos marinhos da região. Fomos até Punta Loma, uma reserva faunística com mais de 500 lobos.
A área é uma reserva nacional e por isso muitas regras regem esse passeio. Não poder ir atrás deles para tocá-los é uma delas. É preciso respeitar a vontade deles. Mas não se preocupe, eles parecem verdadeiros cachorros marinhos. Ou seja, sim ou sim vão se aproximar de vocês tamanha sua curiosidade.
Snorkeling com lobos marinhos em Puerto Madryn
2- Chegamos ao fim do mundo
E finalmente chegamos em Ushuaia — ou fim do mundo, como preferir. Com certeza esse foi um dos maiores marcos da nossa viagem.
Chegar até a cidade mais austral do mundo é um objetivo que permeia a vida de boa parte dos viajantes; e com a gente não seria diferente.
Mas a nossa trajetória até la não foi das mais tranquilas. Dormimos na rodoviária, pegamos a aduana em greve e passamos quase 1 dia inteiro dentro do ônibus.
Demoramos quase 2 meses de viagem desde o Uruguai até atingir um dos maiores objetivos da nossa viagem! E toda a espera foi recompensada.
Ushuaia nos encantou como cidade, simples e acolhedora, e também por suas belezas naturais. Sem dúvidas, um dos pontos de visita imperdíveis é o trekking ao Glaciar Vinciguerra. No entanto, essa caminhada só pode ser realizada no verão.
Chegamos ao fim do mundo!
3- Caminhamos 120 km
Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui. Quero dizer, agora sabe! Foram mais de 120 km para percorrer um dos parques mais icônicos da América do Sul: Torres del Paine!
A nossa passagem pelo parque foi única. Falo isso não só pelas paisagens, que de fato são impressionantes, mas pela superação que foi fazer o circuito O.
Torres del Paine foi muito além de descobrir lugares incríveis, foi um verdadeiro desafio para nossos corpos e mentes. Desafio esse que cumprimos de forma exemplar, apesar dos percalços. 💪
Descobrimos que somos capazes de muito mais do que nós mesmos imaginávamos.
Foram 123 km de caminhada divididos em nove dias de trekking. Foram 9 dias acampando, subindo montanha, carregando mochila pesada e comendo macarrão e sopa. Contudo, só podemos dizer que o lugar é lindo demais e que valeu muito a pena.
E, se a vida me permitir, voltarei com certeza nesse surpreendente lugar.
5. Conhecemos o terceiro maior campo de gelo continental
“É melhor ver uma coisa uma única vez, do que ouvir falar sobre ela mil vezes.”
De fato, nenhuma descrição que já tenham feito desse lugar chegou aos pés do que realmente vimos.
Uma imponente massa de gelo interminável, com seus 5km de largura e aproximadamente 70 metros de altura — isso é a parte que fica para fora do lago, em sua totalidade, chega aos 170 m.
Não à toa é um dos destinos mais visitados em toda a Argentina e parece quem tem caído no gosto dos brasileiros.
É um lugar realmente impressionante e que vale a visita. Presenciar os seus desprendimentos é incrível. Tivemos a sorte de conseguir observar uma enorme parede de gelo se soltando, emitindo o seu mais estrondoso som.
Sei que estou um pouco repetitiva, mas conhecer o Glaciar Perito Moreno foi simplesmente incrível.
Glaciar Perito Moreno
4. Subimos até a cratera de um vulcão ativo a 2800 metros de altitude
O dia em que conquistamos o vulcão mais ativo da América do Sul, o imponente Villarrica. Aquele mesmo que teve a última erupção em 2015.
Certamente foi o maior desafio físico da viagem (o psicológico deve ficar com Torres del Paine), uma experiência pra ficar na memória e contar pros netos.
Afinal, o que é poder dizer que chegou bem na borda da cratera cheia de lava de um vulcão que entrou em erupção há somente 2 anos? Me senti desafiando a natureza.
Se quiserem mais detalhes a respeito, temos vídeo dessa experiência única no nosso canal no YouTube 🙂
5. Visitamos o deserto mais árido do mundo
Com seus mais de 105.000 km, o Deserto de Atacama é considerado o mais árido do mundo. E todo o seu contraste e suas singulares paisagens faz desse lugar único e inesquecível.
Apesar de toda expectativa que depositamos nessa região, só posso dizer que ainda assim conseguiu nos surpreender. Quando chegamos no Atacama, mal sabíamos das coisas que nos esperava. E foi surpresa atrás de surpresa.
De todos os lugares que visitamos, o que mais nos encantou foi:
- As Lagunas Escondidas de Baltinache
- O pôr do sol na Laguna Tebenquiche
- E as Piedras Rojas com as Lagunas Altiplânicas
Mas pode ter certeza, só o caminhar pelas simples ruas já reservam paisagens de tirar o folego.
Tudo o que vivemos aqui foi intenso e impactante e prova disso é que resolvemos estacionar a nossa viagem por longos meses. Depois de muito tempo viajando de forma livre, críamos aqui uma espécie de raiz e que acabou resultando na nossa empresa Do Brasil para o Mundo, site onde revendemos os passeios aqui do Atacama.
6. Voamos de balão no Atacama
Durante toda a vida carregávamos um desejo antigo de um dia conseguir voar de balão. Mas esse desejo sempre foi colocado em segundo plano, já que os custos inviabilizavam o sonho momentaneamente.
Eis que chegamos no Atacama — um dos maiores objetivos da nossa viagem — e as coisas começaram a se desenvolver, até levar a gente ao tão sonhado desejo.
Tivemos a oportunidade de voar de balão com a Balloons Over Atacama e foi, de longe, uma das experiências mais incríveis da viagem. Mudou totalmente a minha forma de pensar. Sempre imaginei o voo de balão como algo instável, que vivia balançando. E poucas vezes na vida me senti tão segura.
Fora isso, ver o Deserto de Atacama do alto não tem preço — quero dizer, tem sim; caro por sinal. Mas é uma paisagem surrealmente linda e que vale muito a pena, se tiver uma folguinha financeira.
7. A viagem em si
São mais de 500 dias viajando juntos. Passamos por 3 países. Conhecemos 24 cidades (Punta del Diablo, Cabo Polônio, Punta del Este, Montevidéu, Colonia del Sacramento, Buenos Aires, Puerto Madryn, Ushuaia, Punta Arenas, Puerto Natales, Torres del Paine, El Calafate, El Chaltén, Bariloche, Puerto Montt, Puerto Varas, Frutillar, Chiloé, Pucón, San Martin de los Andes, Santiago, Bahia Inglesa e San Pedro de Atacama, Uyuni).
Dormimos em 29 camas diferentes, em um aeroporto e em uma rodoviária. Acampamos por 86 dias. Pegamos 23 ônibus de viagem, 1 avião, 1 barca, 1 trem e 10 caronas.
Já tivemos dias de puro luxo e de simplicidade extrema. Já comemos comidas típicas em restaurantes requintados, mas já cozinhamos miojo e arroz com frango empanado com o nosso fogãozinho no meio da rua.
Percebemos o quanto o mundo é bom e as pessoas também. Quando você se abre para o mundo ele te retribui com coisas maravilhosas. E assim tem sido nossos dias. Óbvio que tivemos momentos tristes, momentos onde a nossa fé foi botada em prova. Mas foram nesses momentos que a vida nos apresentou ser humanos únicos e que nos fez enxergar uma pontinha de esperança.
Agora, meu maior desejo é que sejamos apresentados a cada dia mais e mais situações incríveis como essas. Situações que fazem o caminhar ter mais sentido e valor.
Mais uma vez, a gratidão é o sentimento que tem tomado conta da gente.
