De forma surpreendente, estamos prestes a completar 5 meses de mochilão pela América do Sul. A velha expressão de que o tempo voa nunca fez tanto sentido para gente.
O nosso tempo de forma completa para conhecer todas as cidades até aqui é um pouco superior ao que realmente é necessário. Isso porque estamos viajando de forma lenta, já que “eventualmente” temos que que trabalhar. No entanto, vou mostrar quanto tempo de fato precisaríamos para conhecer os pontos turísticos que visitamos na nossa viagem até agora
Não vou entrar muito em detalhes sobre o que fazer em cada cidade, pois dessa forma o post ficará muito extenso. Contudo, deixarei os links da postagem completa de cada lugar. Se ficar alguma dúvida, é só deixar nos comentários.
Uruguai
Começamos a nossa viagem partindo do Rio de Janeiro em um voo para Pelotas e de lá fomos até o Chuí para atravessarmos a fronteira com o Uruguai de ônibus. Escolhemos essa opção pois sairia bem mais barata do que um voo, nos custou menos de 150 reais por pessoa para chegar até Punta del Diablo, nossa primeira cidade.
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Punta del Diablo
Se você for durante o outono, que foi mais ou menos a época que nós fomos, vai encontrar uma cidade bem simples, cuja a palavra de ordem é descanso. Com belas vistas e um clima especial e único, você não vai ter muito o que fazer a não ser aproveitar as lindas paisagens e renovar as suas energias.
No entanto, se for no verão, saiba que Punta del Diablo é considerada um dos balneários mais movimentados e cobiçados no Uruguai. Mas ainda assim, consegue manter o equilíbrio entre festa e calmaria. Durante os dias as ruas e praias ficam super badaladas, mas a noite o clima singular se mantém.
Nós ficamos por cinco noites. Entretanto, em uma viagem mais rápida, três noites são suficientes, sendo uma em Cabo Polonio. Sim, se teve um lugar no Uruguai que a gente gostou mais do que Punta del Diablo foi Cabo Polonio. Pensa em uma cidade nesse mesmo estilo desacelerado, só que com menos infraestrutura ainda.
Inclusive esse é um dos charmes do lugar, que por não ter energia elétrica, a sua iluminação durante a noite se limita à luz do farol que fica piscando. Além disso, o lugar é lindo de morrer e tem uma loberia que é a coisa mais fofa.
Na baixa temporada, as diárias costumam ser bem baratas. Nós ficamos no El Diablo Tranquilo por menos de 30 reais por pessoa e ainda tinha uma promoção que se ficasse três dias, o quarto dia era de graça.
Veja aqui hospedagens em Punta del Diablo
Punta del Este
Continuando o roteiro pelo Uruguai, não poderíamos deixar Punta del Este e todo o seu luxo de lado. Apesar da fama e de algumas construções comprovarem isso, a cidade tem uma pegada simples, mais relaxada.
Aqui as coisas começam a ficar um pouco mais caras, mas ainda dá pra levar. Era outono quando chegamos e acabamos não muito entusiasmados para conhecer as famosas praias. Como visita obrigatória fica a CasaPueblo, o Casino Conrad, a escultura do Los Dedos e as praias. Além, claro, de caminha pela linda península.
No mínimo três dias para conhecer o lugar de forma tranquila, visitando os principais pontos. Um dos melhores hostels que ficamos durante a viagem foi o The Trip Hostel em Punta del Este. O clima é bem tranquilo, a cozinha é boa e o preço era ótimo. Cerca de 30 reais por pessoa (saudades diárias a esse preço).
Veja aqui hospedagens em Punta del Este
Montevidéu
Foi um dos lugares que menos aproveitamos, isso porque não é o tipo de turismo que nos atrai. Pois é, a gente gosta mesmo é de mar, cachoeira, esportes radicais e contato com a natureza. Para piorar, pegamos o tempo bem ruim, o que acabava nos deixando com preguiça de sair. No entanto, vou tentar escrever de forma mais imparcial possível.
Podemos dizer que Montevidéu é uma mistura de cidade grande com interior. Tem suas construções arquitetônicas e históricas, mas tem também uma rambla (orla) convidativa e uma tranquilidade que faz você andar pelas ruas e se perder no tempo.
Como não temos muito o que falar de Montevidéu, deixo aqui o link para um roteiro alternativo produzido pela Fernanda.
A cidade tem no Mercado del Puerto um ponto turístico quase que obrigatório. De três a quatro dias é o suficiente para conhecer bem a cidade.
Veja aqui hospedagens em Montevidéu
Colônia del Sacramento
É comparada por muitos com Paraty e seu estilo colonial. De fato parece ter parado no tempo, um verdadeiro museu a céu aberto. Colônia del Sacramento é usada por muitos como local de passagem para Buenos Aires, através do buquebus.
No entanto, se tiver com tempo, acho que vale pernoitar na cidade, só para curtir o seu clima noturno. Não precisa de muito mais do que um dia. Ficamos no Hostel e Suítes del Rio, mas não lembro quanto custou a diária. Ele era até barato, mas fechamos em cima da hora.
Aqui não tem um roteiro. A graça é sair perambulando pelas ruas históricas e se encantando com o charme. Uma boa pedida é subir no farol para prestigiar o pôr do sol.
Veja aqui hospedagens em Colonia del Sacramento
Argentina
Infelizmente a economia da Argentina está bem ruim, o que acaba refletindo negativamento no turismo no país. Para acompanhar a inflação, os passeios estão consideravelmente caros, assim como mercado e restaurantes.
Buenos Aires
A capital portenha tem bastante o que oferecer e ainda permite uma esticadinha até Tigre, para um gostoso passeio de barco. Por ser uma cidade maior, é preciso ficar atento quanto a localização da sua hospedagem. Quanto mais próximo do fluxo de transporte público, melhor é para economizar.
Como tem muita atração com visita guiada, fica aqui a oportunidade de conhecer mais afundo os pontos turísticos. Antes de visitar qualquer lugar, procure no google sobre as visitas.
Muita gente gosta de combinar a visita a Buenos Aires com algum outro destino. Pode ser junto com o Uruguai ou, fazer como a gente, e incluir a patagônia argentina. Inclusive, você pode conferir aqui como ir de Buenos Aires a Ushuaia por terra.
Com 5 noites você consegue aproveitar os seus principais pontos turísticos. Nós ficamos hospedados no Milhouse Hostel, bem no centrão e com ótimas ofertas de transporte público. É um hostel enorme e bem badalado. A diária fica em torno de uns 47 reais.
Veja aqui hospedagens em Buenos Aires
Puerto Madryn
Também conhecida com a patagônia dos bichos, Puerto Madryn foi um verdadeiro encanto em nossa viagem. Reuniu tudo que mais gostamos: observação de baleias, snorkeling com lobos marinhos, pinguinera, teve até elefante marinho.
Alguns desses bichinhos estão presente durante todo o ano, no entanto, só em meses específicos é possível observar o big five. Então programe sua viagem para chegar aqui pelo verão, que é o período reprodutivo da maioria deles.
Por se tratar da patagônia, eu reservaria ao menos 5 noites para esse destino. A maioria dos passeios estão condicionados ao clima. Ou seja. para não correr o risco de não conseguir conhecer algum dos lugares pelo mal tempo, esteja com pelo menos um dia de folga. Nós ficamos hospedados no Hi Patagonia Suítes, cuja dona é uma manaura muito fofa e atenciosa.
Veja aqui hospedagens em Puerto Madryn
Ushuaia
Bem vindo, você chegou ao fim do mundo. Com certeza Ushuaia já esteve na imaginação de qualquer mochileiro e de fato chegar ao “fin del mundo” tem o seu valor.
Nós visitamos no verão, então boa parte dos passeios são relacionados a caminhada, já que não tem neve. Quero dizer, até tem, nos picos das montanhas. O que classificaria como imperdível — pelo menos aos que tem um preparo físico ok — é o trekking para o Glaciar Vinciguerra e a Laguna de los Tempanos. O visual é indescritível.
Nós fizemos o treeking ao Glaciar Vinciguerra, Laguna Esmeralda e Glaciar Martial e fizemos um passeio de 4×4 que é mais para apreciar a vista e no final nos ofereceram um típico asado argentino que já paga o passeio.
Fora isso, a própria cidade já tem seu charme, em cada esquina você avista uma montanha diferente. Para fazer o mesmo percurso, precisaria de pelo menos 4 dias inteiros. Sendo que a cidade tem muito mais a oferecer.
Veja aqui hospedagens em Ushuaia
Chile
Como a Argentina e o Chile dividem boa parte da patagônia e tem como fronteira natural os Andes, é normal você ficar cruzando de um país para o outro. No entanto, a fronteira do Chile é bem “chatinha”. Como eles não deixam ingressar no país com nenhum alimento de origem animal ou vegetal, o processo fronteiriço acaba se estendendo um pouco.
Punta Arenas
A nossa passagem por Punta Arenas foi mais porque era caminho de Puerto Natales. Nem tenho muito o que indicar nessa cidade, porque usamos mais como base para organizar os nossos trabalhos antes de ir para Puerto Natales fazer o circuito O em Torres del Paine.
A vantagem de parar aqui é a Zona Franca, com produtos livres de impostos. Punta Arenas é uma parada estratégica para quem precisa comprar algum equipamento para seguir viagem. Foi lá onde compramos a nossa barraca, que apesar de não ser uma Doite da vida, aguentou o tranco em Torres del Paine e outros maus bocados em El Chaltén.
Uma outra vantagem é comprar aqui boa parte dos alimentos que você levará para fazer tanto o Circuito O quanto o W. É um pouco mais barato e tem mais opções.
Se você não tiver outras intenções, duas noites aqui é o suficiente.
Veja aqui hospedagens em Punta Arenas
Puerto Natales
Apesar de ter algumas outras poucas opções, o objetivo de quem vem a Puerto Natales é se perder de forma maravilhosa nas muitas trilhas em Torres del Paine.
Ou seja, o que vai determinar a quantidade de dias é o seu objetivo. Nós fizemos o circuito completo e durou 9 dias. Foi uma experiência única. Digo isso não só pelas paisagens, que de fato são incríveis, mas pela superação. Fazer o circuito O em Torres del Paine é matar um leão por dia. E não à toa é um dos destinos mais procurados na América do Sul.
Durante a nossa estadia em Puerto Natales, ficamos hospedados no El Quijote Patagonico em uma cabana que acomoda quatro pessoas. A dona é uma senhorinha com todo um jeitinho de vó. Amamos muito. Sem contar a comodidade de estar em um chalé. A diária fica em torno de 300 reais para as quatro pessoas, ou seja, o valor que você vai pagar em um hostel.
Veja aqui hospedagens em Puerto Natales
Argentina
Como falei acima, em um mochilão pela América do Sul é normal você ficar brincando de atravessar fronteiras. Por isso, agora a gente volta para Argentina, mas por pouco tempo. rs
El Calafate
Não tem como passar pelo Sul do país sem parar em El Calafate e admirar a grande massa de gelo do Glaciar Perito Moreno. Se você tem o orçamento com um pouco mais de folga, comprar o passeio do trekking no gelo é mais do que recomendado. Infelizmente não foi dessa vez que consiguimos fazer.
Fora isso, a cidade tem muitos outros atrativos, é possível fazer tirolesa, cavalgada ou trekking no Cerro Frías, ou uma experiência de kayak rente ao glaciar Upsala. Enfim, tendo dinheiro, tem bastante coisas. Como não tínhamos, ficamos só na visita ao Glaciar mesmo, mas que valeu muito a pena.
A hospedagem por aqui não é muito barata. Pagamos 160 pesos argentinos por pessoa em um camping (fomos na alta temporada). Como falei acima, se o seu orçamento estiver com folga, dá pra ficar mais dias e aproveitar esses outros passeios. Contudo, acredito que 3 noites esteja de bom tamanho para uma viagem corrida, apesar da cidade ser fofinha.
Veja aqui hospedagens em El Calafate.
El Chaltén
Juro que não te perdoo se você chegar até El Calafate e não incluir El Chaltén no seu roteiro. Apesar de já estarmos cansados de tanto trekking e paisagens “repetidas”, não tem como não se encantar com a trilha ao Monte Fitz Roy e a Laguna de los Tres. Sério!
Essa é só uma das trilhas, o Parque Nacional Los Glaciares oferece circuitos para vários dias de andança. Os campings dentro do parque são gratuitos. No entanto, os espalhados pela cidade são pagos e são “caros” também: 150 pesos argentinos.
Como já falei em um outro texto, a cidade possui bastante hostels/hotéis, mas não consegue comportar todos os turistas. Ou seja, faça a sua reserva com a maior antecedência possível. Até achamos hostels de 180 pesos, mas obviamente estavam lotados.
Para quem tem interesse em fazer só a trilha ao Monte Fitz Roy, basta destinar uma noite do seu mochilão. Mas o ideal é deixar uma margem de segurança, porque ninguém merece pegar as imponentes silhuetas totalmente encobertas pelas nuvens.
Veja aqui hospedagens em El Chaltén
Bariloche
Existe Bariloche no verão? Acabamos de descobrir que sim! Mas, assim como no inverno, só existe se você tiver dinheiro. Caso contrário, o que resta é fazer trekking. Ainda bem que a gente tem saúde, né? rs
Exageros a parte, é possível conhecer o Cerro Campanário e parte do Circuito Chico de ônibus, que são os pontos principais. Uma outra opção, é alugar uma bike (350 pesos a diária) para percorrer o circuito chico e visitar, por exemplo, a Cervejaria Patagônia que vale muito a pena. Principalmente, se você tiver condições de pagar uma cerveja pra ficar sentado em um dos seus bancos apreciando a vista.
Um local que eu gostaria muito de ter visitado, mas que o orçamento não deixou foi o Cerro Tronador e seu incomparável glaciar negro.
Bariloche conta com alguns campings espalhados pela cidade, mas o mais próximo ao centro é o Selva Negra e custa a partir de 190 pesos. Se você ficar mais do que quatro dias, ganha um desconto e a diária cai para 140 pesos.
Como tem bastante coisa para conhecer, ficar menos do que 5 dias em Bariloche é desperdício.
Veja aqui hospedagens em Bariloche
Quantos dias de mochilão pela América do Sul?
Esse foi o nosso roteiro nesses cinco primeiros meses de mochilão pela América do Sul. Como falei acima, levamos muito mais tempo pois precisamos montar base nas cidades para realizar nossos trabalhos.
Considerando uma viagem um pouco corrida, mas sem deixar de aproveitar o melhor de cada cidade, 45 dias é um período bom. Obviamente, nem todo mundo dispõe de tantos dias ou tanto dinheiro para fazer uma viagem dessas de uma vez só. Por isso, deixo aqui um quadro com a quantidade de dias que eu acho razoável, para um roteiro similar ao nosso. Daí é só casar os destinos.
Vai viajar pela América do Sul? Veja quais países exigem o Cartão Internacional de Vacinação e como conseguir o seu.
Esses são os dias para destinar a cada cidade, não contei o tempo perdido com deslocamento. Muito em breve farei uma postagem mostrando o quanto a gente gastou com passagem de ônibus para fazer todo esse trajeto, bem como o tempo gasto de uma cidade para outra.
Uma outra observação fica para Torres del Paine: nós fizemos o Circuito O e por isso consideramos 9 dias. Portanto, se você for fazer só o bate e volta na base das Torres (o que eu acho desperdício), basta um ou dois dias.
Espero que tenha te ajudado a ter uma ideia de quantos dias em media gastaríamos em cada cidade para conhecer o básico. Qualquer dúvida, deixe nos comentários.
Dicas gerais para planejar um roteiro pela América do Sul
- Viajar de ônibus pelo Uruguai é muito tranquilo e consideravelmente barato, dado as pequenas distâncias entre as cidades.
- Ao contrário, viajar de ônibus pela patagonia é caro. Se você não estiver interessado em para em Puerto Madryn, por exemplo, talveaz seja melhor pegar um avião de Buenos Aires para Ushuaia direto.
- Para comprar passagem de ônibus ou consultar preços na Agentina é possível fazer em dois sites: Central de Pasajes ou Plataforma10. Se quiser fazer as consultas de ônibus no Chile, o site é o Recorrido.cl.
- Procure opções de hospedagens no airbnb. Conseguimos alguna bons preços, como, por exemplo, em Montevidéu, onde ficamos hospedados por menos de 60 reais por dia (os dois).
- Veja aqui algumas dicas para economizar com hospedagem.
- O fluxo de brasileiros em Bariloche é tão grande, que o câmbio que lojas e restaurantes oferecem é melhor do que os das casas de câmbio.
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